RPPNs do Cerrado ajudam na identificação de espécies ameaçadas
28 de junho de 2021A justificativa para que uma área tenha o título de Reserva Particular de Patrimônio Natural – RPPN é que ela mereça ser protegida, seja por sua beleza cênica ou ainda pela ocorrência de espécies raras ou ameaçadas de extinção.
Assim surgiu o projeto ‘Conservação de Pithecopus ayeaye, espécies relacionadas e seus ecossistemas’, com foco no estudo de espécies ameaçadas da fauna no hotspot de conservação do Cerrado. A demanda é do Fundo de Parceria para Ecossistema Críticos (CEPF, na sigla em inglês para Critical Ecosystem Partnership Fund) e do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB).
O anfíbio Pithecopus ayeaye, popularmente conhecido como perereca-macaco-de-flancos-reticulados, é uma espécie que ocorre nas montanhas do estado de Minas Gerais e São Paulo.
O professor e pesquisador da Universidade de Brasília, Reuber Albuquerque Brandão, explica que além da espécie focal de estudo do projeto, também foram incluídos estudos sobre as espécies Pithecopus centralis, Pithecopus oreades e Pithecopus megacephalus.
“Nós identificamos a necessidade de estudar novas espécies, então a pesquisa se estendeu para áreas altas dos estados de Mato Grosso, Goiás, Bahia, Minas Gerais e o Distrito Federal”, relata o pesquisador.
As RPPNs são uma excelente forma de unir propriedades rurais e áreas protegidas. Sendo assim, outro ponto importante destacado pelo professor é o fato das espécies utilizarem riachos de altitude com água transparente e limpa, sendo que elas indicam a qualidade das nascentes existentes nas propriedades, portanto grande parte dos estudos ocorreram em áreas particulares.
“O projeto, em conjunto com parceiros, tem estabelecido contato com proprietários rurais onde ocorrem as espécies foco do projeto. O gancho para atrair os proprietários é a água, com isso, buscamos identificar proprietários de terra interessados na conservação, por meio da criação de uma RPPN”, afirma Reuber.
Uma das regiões de atuação foi na Serra do Boqueirão, em Brasilândia de Minas. Lá foram realizadas reuniões com diversos atores sociais, incluindo, além de proprietários, representantes do executivo e legislativo locais. Os encontros foram realizados durante os meses de maio e junho, onde foram tratados os processos de criação da RPPN da Serra do Boqueirão no município de Brasilândia de Minas (MG).
Sobre o projeto – A conservação dessas espécies e seus habitats são ações impactantes para a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos prestados pelas montanhas do bioma Cerrado.
Por meio da iniciativa foi possível desenvolver diversas atividades. Além de permitir a atualização das categorias de ameaça das espécies a partir da revisão das suas distribuições nos remanescentes do Bioma Cerrado.
A espécie é classificada como Criticamente Ameaçada pela IUCN. Ela e espécies aparentadas fazem parte de diferentes ações de conservação da biodiversidade no Brasil, como Planos Nacionais de Ação (PANs) e da Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas do Brasil, ambas do ICMBio.
“Identificaremos outras áreas com condições ambientais adequadas para sua ocorrência para sugerir unidades de conservação, fragmentos e regiões prioritárias para a conservação e conectividade das áreas de ocorrência de tais espécies, com isso, pretendemos contribuir com a conservação das pererecas-macaco e seus ecossistemas por meio do incentivo à criação de RPPNs”, conclui Reuber.
A inciativa conta com apoio do CEPF Cerrado, do IEB e da Fundação Pró-Natureza para o apoio a proprietários interessados em Brasilândia de Minas (MG) e na região de Poços de Caldas (MG). Nesse último município, o projeto conta com a parceria de pesquisadoras do Instituto Federal Sul de Minas e do Instituto Fernando Bonillo. Parceiros interessados também foram contatos na região da Chapada dos Veadeiros (GO) e nos municípios de Carrancas e Luminárias (MG).
Crédito fotos: Reuber Albuquerque Brandão
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